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Pesquisa espelhou o resultado das urnas

 

 

Em uma reunião familiar recente, um tio me disse “Se você morasse em uma cidade grande e trabalhasse para um jornal maior, era tranquilo, mas aqui todo mundo te conhece e ninguém sabe separar as coisas.” Sábias palavras. Eu, Alex, já vinha fazendo esta exata reflexão há algum tempo. Trabalhar para um veículo de comunicação médio ou grande, em uma cidade de médio ou grande porte deve ser de fato mais simples em alguns aspectos. A loucura de se fazer um jornal local em contexto de cidade pequena é para poucos! Repetidas vezes, é o famoso arrumar para a cabeça! Ossos do ofício…

 

Um colega que já foi da área da comunicação e teve um jornal na região, aliás, me contou que na época em que estava na ativa recebia constantemente a visita do oficial de justiça, lhe entregando intimações judiciais, feitas a partir deste ou daquele que, por algum motivo, queria processá-lo. Devo dizer que, em 10 anos de jornal em Contenda-PR, tomei um único processo, a partir do qual pago, atualmente, uma indenização. Justo. Também me equivoco. Porém, jamais colocaria 10 anos de atuação na cidade sob risco divulgando uma pesquisa eleitoral que não fosse idônea.

 

Não tem como negar, a dita pesquisa deu o que falar, e o velho cinismo político motivou a difamação tanto da minha imagem pessoal quanto a do jornal. Até mesmo vídeos circularam numa clara e covarde tentativa de intimidação. Foi notório, também, que um candidato a prefeito se manifestou de forma a questionar até mesmo a ‘veridicidade’ da pesquisa.

 

Houveram ainda aqueles que questionassem o número de entrevistados: 424. Um ótimo número para Contenda! Em São Paulo, para se ter ideia, a amostra tradicional do instituto Quaest é de 1.200 entrevistas. Em Araucária, O Popular contratou pesquisas que ouviram 1.000 eleitores. O fato é que a maioria das pessoas não entende como uma pesquisa é realizada. Sugiro esta reportagem exibida no Jornal Nacional para entender melhor o assunto.

 

Como a matéria sugerida acima afirma, pesquisas são um mero registro de dados, tendências e preferência de momento. Uma pesquisa não é a previsão de resultados! O espelho definitivo de uma eleição é a urna. As tendências apenas apontam direções.

 

Em Contenda, historicamente falando, o eleitorado infelizmente não tem acesso a pesquisas devidamente registradas. Por outro lado, a divulgação de enquetes de intenção de voto feitas irregularmente por meio de aplicativos e redes sociais, por exemplo, são expressamente proibidas e ocorreram até mesmo na pré-campanha deste ano.

 

Em Araucária, o jornal O Popular divulgou uma pesquisa um dia antes da eleição.

 

Repetindo aqui uma resposta que dei nas redes sociais, enquanto responsável por este modesto veículo de comunicação na nossa cidade, entendi que na ‘escadaria’ para um dia possivelmente chegar a ter a estrutura para promover um debate, por exemplo, como muitos pediram, uma pesquisa talvez representasse um primeiro degrau. A repercussão inicial me fez pensar que ainda falta maturidade para absorvermos uma pesquisa, sendo que um debate, portanto, deve ficar para um futuro mais distante. No final das contas, talvez a realização e a divulgação da dita pesquisa venham a contribuir um pouco para que se quebre este paradigma em relação ao tema na cidade. A ver…

 

De qualquer forma, o panorama momentâneo coletado entre os dias 22 e 24/09 mostraram Mostarda e Ary com 32,08% das intenções de voto (na estimulada). Nas urnas, os dois foram eleitos com 33,48% dos votos válidos. A diferença entre o primeiro e o segundo colocado trazida pelo levantamento, na pesquisa estimulada, era de 10,62%. Na espontânea, a diferença era menor, de 6,37%. Nas urnas, a diferença entre um e outro caiu para apenas 2,24%. Considerada a margem de erro do levantamento, que era de 4,80%, pode-se afirmar que o trabalho estatístico pelo instituto responsável foi bem feito.

 

Reitere-se uma última vez: pesquisa nunca foi e nem pode ser uma previsão! Mas então, Alex, o que é uma pesquisa eleitoral, afinal? Um mero instrumento da democracia.

 

Olhando somente a partir de suas próprias bolhas, alguns candidatos e cabos eleitorais, ao invés de aproveitarem a divulgação de uma pesquisa para redirecionarem suas campanhas, preferiram atacar a mesma, o jornal e o Alex. Ou será que atacar o jornal, a pesquisa e o Alex acabou virando justamente o foco da campanha de alguns?

 

Ah, o colega que citei anteriormente, que tinha um jornal em uma cidade maior, hoje em dia toca uma cervejaria e já não recebe visitas do oficial de justiça – garanto que também não vira meme na cidade. Diz ele que atualmente é amigo de todo mundo. Eu não entendo nada do ramo, só aprecio uma cerveja de vez em quando, mas de repente um dia também largo desse negócio de jornal e abro uma cervejaria ou coisa do tipo! A vida é feita de ciclos, afinal. Este, cedo ou tarde, também vai acabar…

 

Por enquanto, seguimos!

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Sobre Alexsandro

Idealizador e Jornalista responsável pelo Jornal MARCA.
MTB 9936/PR.

Idealizador e Jornalista responsável pelo Jornal MARCA.
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