Luiz de Carvalho foi secretário municipal de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014. Foto: Jonas Oliveira.
O ex-secretário municipal de Curitiba para a Copa do Mundo de 2014 Luiz de Carvalho foi preso em Curitiba, nesta quinta-feira (11), em uma ação da Polícia Federal para combater lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Ele é suspeito de atuar como doleiro. A Operação Vitória deteve mais dez pessoas, entre elas o ex-vice-presidente do Banco Brasil Allan Simões Toledo. O grupo é suspeito de desviar cerca de R$ 3 bilhões nos últimos três anos.
No início de 2013, Carvalho – que já ocupou outros cargos na administração pública, como presidente do Instituto Municipal de Turismo – foi substituído na função de secretário para a Copa por Reginaldo Cordeiro, que executou a função até o fim do torneio.
A PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do ex-secretário. O material apreendido e o próprio Carvalho serão transferidos para São Paulo, onde a operação se concentrou, realizada por cerca de 130 policiais federais.
Os agentes cumpriram 11 mandados de prisão, dois mandados de condução coercitiva e 30 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Araras, Indaiatuba, Santa Bárbara do Oeste, todas no interior paulista,além de Curitiba e Resende (RJ).
Os investigados responderão pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e organização criminosa.
Investigações
Segundo a PF, várias contas que eram utilizadas pelo grupo para a remessa de dinheiro ao exterior, principalmente a Hong Kong, foram bloqueadas.
A investigação no Brasil foi iniciada ainda em 2014, depois que as autoridades dos Estados Unidos transações suspeitas do grupo e que no esquema havia “uma célula” no Brasil, que tinha um doleiro entre os seus operadores. Nos últimos nove meses, a PF constatou que esse doleiro utilizava um sistema formal de contratos de câmbio para exportação e importação. A maior parte das operações era fictícia e, para funcionar, o esquema contava com a ajuda de funcionários cooptados pela quadrilha em bancos e corretoras.
De acordo com o delegado da PF Alberto Ferreira Neto, que coordena a operação, a ação foi deflagrada porque o doleiro, que tem cidadania estrangeira, estava com uma passagem comprada e embarcaria nesta quinta-feira ao exterior. Ele é um dos 11 que estão presos.
A PF informou ter identificado vários clientes venezuelanos, que utilizavam o esquema para retirar dinheiro do país por conta da crise política e econômica que atinge o país vizinho. A próxima fase da operação, segundo a PF, buscará identificar mais pessoas que usaram a organização criminosa para enviar e receber dinheiro em contas no exterior. Vai também analisar as provas apreendidas hoje.
A PF identificou cinco corretoras e uma instituição financeira entre os envolvidos no esquema. O grupo atuava em países como Reino Unido, Venezuela, Estados Unidos, Brasil e Hong Kong. O grupo especializou-se na retirada ilegal de divisas da Venezuela, por meio de importações fictícias usadas para acobertar as movimentações financeiras. Os artigos eram superfaturados em até 5.000%. Depois, empréstimos e importações simuladas justificavam o envio do dinheiro para Hong Kong, que era encaminhado para outras contas ao redor do mundo.
Fonte: Gazeta do Povo
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