Coxinha de farofa. Foto: divulgação.
Há mais de 70 anos uma coxinha inventada na Lapa, feita com massa de pastel e recheada com farofa de frango, vem conquistando o paladar de quem a experimenta. A iguaria surgiu quase por acaso, para aproveitar sobras, e aos poucos foi ganhando fama. Agora, para apresentar esta delícia a um maior número de pessoas e firmar a identidade lapeana do produto, a Prefeitura da cidade decidiu fazer a Festa da Coxinha de Farofa. A primeira edição do evento vai acontecer de 12 a 15 de março no Parque de Exposições e Eventos da Lapa. Quem for ao local vai encontrar, além da coxinha de farofa, exposições, artesanato, apresentações de bandas locais e shows de nomes nacionais como o cantor Gusttavo Lima e a dupla Munhoz e Mariano.
“Nosso objetivo é colocar a Lapa no mapa dos grandes eventos do Paraná, para divulgar o município e criar oportunidades de negócios. A coxinha de farofa foi o produto escolhido para dar nome à festa porque faz parte da história da cidade, é um patrimônio de todos os lapeanos e, além de tudo, uma delícia”, explica a prefeita da Lapa, Leila Klenk.
A receptividade da ideia tem sido excelente em toda a região e a expectativa da organização é receber mais de 15 mil pessoas nos quatro dias de evento. Há até quem irá percorrer mais de 70 quilômetros de bicicleta para prestigiar a festa. A Pedalada da Coxinha de Farofa deverá reunir mais de 100 ciclistas que sairão às 7 horas do dia 15 da Praça do Japão, em Curitiba, em direção à Lapa.
Origem da coxinha
Não existe registro exato do ano, mas foi no início da década de 1940 que a lapeana Maria da Glória Ribas Kuss (05/11/1901 – 19/03/1997) teve a ideia de juntar massa de pastel com farofa feita de farinha de milho e carne de frango desfiada.
Maria de Jesus Rosa do Rosário, atualmente com 90 anos, conta que naquela época dezenas de pessoas reuniam-se na casa de Maria da Glória para o trabalho voluntário de preparar os alimentos vendidos na festa em louvor a São Benedito, realizada no dia 26 de dezembro. Certa vez acabou a carne moída e sobrou massa de pastel. Como também havia grande quantidade de farofa para recheio dos frangos a serem assados, a iniciativa foi juntar a massa e a farofa em formato de coxinha.
No início, o salgado era produzido apenas para as festas religiosas. Com o passar dos anos, várias pessoas foram aprendendo a receita e a coxinha de farofa passou a ser produzida comercialmente.
Benedita de Aguiar Berghauser, 70 anos, na década de 1970 fornecia salgados para cantinas e lanchonetes da Lapa. Aprendeu a fazer a coxinha de farofa com a dona Maria da Glória e, segundo conta, inspirada nos canudinhos de maionese teve a ideia de cortar a massa de pastel em tiras para envolver a farofa, dando origem ao formato atual. “Antes o recheio era colocado num pedaço de massa e juntavam-se as pontas, formando uma trouxinha”, recorda.
Popularização
Maria de Lourdes Nizer, 65 anos, aprendeu a receita há 25 anos e começou a produzir a coxinha de farofa para ser vendida pelos filhos junto com outros salgados em empresas da Lapa. A venda de porta em porta deu origem, dez anos depois, a uma empresa que hoje atende em três endereços na cidade. Em todos eles a coxinha de farofa faz parte do cardápio.
Rosa Mazur Kugeratski, 68 anos, é proprietária da primeira panificadora em que a coxinha de farofa começou a ser produzida na Lapa, há 20 anos. “As pessoas pediam, então começamos a fazer. No início não foi fácil. Hoje, principalmente nos finais de semana, chega a faltar. Muitos turistas fazem questão de vir aqui por causa da coxinha de farofa. As excursões ligam antes para encomendar”, relata. Dona Rosa também aprendeu a receita nas festas de São Benedito e acrescenta um detalhe interessante à história. Segundo ela, o Monsenhor Henrique Falarz, pároco da Lapa durante vários anos, incentivava a produção das coxinhas de farofa nas festas religiosas pensando nas famílias mais pobres. “Ele dizia que quem não pudesse comprar um frango assado compraria coxinha de farofa e estaria bem alimentado”, relembra.
Atualmente, quase uma dezena de estabelecimentos vende a coxinha de farofa na Lapa, que também pode ser encontrada na feira da agricultura familiar, realizada semanalmente. Existem diferenças na consistência e no sabor da farofa, que varia conforme quem a produz. Além dessas variações na farofa tradicional, na festa será possível encontrar pela primeira vez à venda alguns novos sabores, como de carne seca, vegetarianas e até doces, com chocolate e frutas fazendo parte do recheio.
Fonte: Banda B.